sábado, 10 de junho de 2017

Meditando, em versos, sobre a língua portuguesa


Meditando, em versos,
sobre a língua portuguesa 

Lembro daquele ocitano menestrel
passeando pelas campinas da Ibéria.
Cultivava a nossa língua, o nosso mel
em artística missão, por demais séria.

Lembro do navegante português,
em arriba no caralho, com a luneta.
Ideava em nossa língua, por sua vez,
meditações nas areia da ampulheta.

Lembro do índio, nativo brasileiro
ao se ver diante da lusitana adaga.
A nossa língua veio sobre o cheiro
do sangue índio, à morte e praga.

Lembro do cativo da africana terra,
sob a sombra portuguesa, em peso.
Atou-se ele à língua que o encerra,
corrente a aperto que o deixa teso.

Língua portuguesa é rolo que rola.
Não presume que seja má ou boa.
Ela se estende sob a lei que assola,
e que se ergue, aqui e em Lisboa.

Rogério Mota, 10/6/2017

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