terça-feira, 2 de maio de 2017

Marginal



Marginal

Entregue 
à suposta importância do ter
ou do êxtase rutilante à garra psicotrópica
do álcool, da droga... do egoísmo, do orgulho...

Entregue 
ao gosto pelo marginar...
um mendigo com seus peculiares trapos malcheirosos,
a cujo odor se acostumou 
(visguenta aura que o reveste).

Entregue 
ao falso poder de matar corpos,
acreditando exterminar o espírito (o próprio e o alheio);
ofício dum falsídico deus em desalinho constante.

Fendido.

Entregue 
ao estrugir infernal
num estranho silêncio com estrondos internos.

Quebrado. 
Mais que ferido. 
Num ocaso dantes subestimado.

[...]

Aderirá o marginal à Lei,
à plenitude de Ser e de Amar,
à lucidez, que é a sua condição verdadeira;

empós a sua cura sob o camartelo do tempo,
à luz da misericórdia de Deus e dos seus prepostos,

voluntariamente.

Rogério Mota, 2/5/2017

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