domingo, 5 de fevereiro de 2017

Ao meu obsessor


Ao meu obsessor

A ti, que da sombra intenta o ataque,
no assédio que me comete à socapa,
surdo ao tempo que corre, tique-taque,
no inferno largo de que não escapas.

A ti, cuja lembrança me foge agora,
enterrado no breu, qual visgo-fogo,
talvez, tenha chegado a tua hora,
para arrepender-se do vil engodo!

Possivelmente, tenhamos convivido
na ilusão rasteira da cumplicidade.
Ignoro, agora, o que terá acontecido,
mas, me empenho, hoje, pela verdade.

Talvez, me tenha à conta de fingido,
mas, te peço, insiste e me acompanha,
o meu espírito, doravante, sói abastecido
com o Bem, contrariamente à sanha.

Peço a Deus que a tua vez não tarde,
na reflexão a que necessitas te render:
"a Imortalidade diante de ti se abre
à glória do Amor com que ascender".



Rogério Mota, 5/2/2017

Trecho musical de fundo: Cap vers le sud

3 comentários:

  1. Que profundo, Rogério! Conhecia apenas o seu lado de ilustrador.
    Meus parabéns!
    Abraços esperantistas.

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