domingo, 3 de junho de 2018

Lúcido Revel

Luz penetrante e aguda
a pôr em claro
meu escárnio de fera

Transparência incômoda
inescapável claridade

Inferno estranho
de luz que não se apaga
expondo minhas taras
meus segredos
todos os meus movimentos
por mais que eu corra

Minh'alma... 
uma constrangedora casa de vidro

A sombra não entra
e eu não me saio
atado a essa odiosa cintilação

Caio espancado pela culpa
sob a lupa dos meus próprios olhos
desmesuradamente abertos
e lúcidos

Impossível não me ver.


Rogério Mota, 2/6/2018

Inspirado em "O castigo pela luz", O Céu e o Inferno: Allan Kardec.

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